Trajetória


Emília Biancardi, etnomusicóloga, professora e pesquisadora da música folclórica brasileira, é especialista nas manifestações tradicionais da Bahia.
Nascida em Salvador, Bahia, viveu sua infância e parte da adolescência em Vitória da Conquista, interior do Estado, o que lhe proporcionou os primeiros contatos com as manifestações populares que, desde então, a fascinavam.
Em 1962 criou o grupo "VIVA BAHIA", o primeiro e mais importante grupo parafolclórico do Brasil, na época. Levando para os palcos do mundo inteiro a materialização de incansável pesquisa do repertório musical afro-baiano.
Perfeccionista ao extremo, a professora Emília Biancardi sempre procurou expressar nos seus espetáculos o que de mais genuíno existia na cultura baiana. Para a formação dos seus alunos, reuniu os melhores representantes das manifestações culturais de Salvador e do Recôncavo Baiano. Entre os professores estavam Mestre Pastinha e João Grande (capoeira), Mestre Popó do Maculelê (foi com o grupo "VIVA BAHIA" que pela primeira vez o Maculelê foi apresentado para o grande público e divulgado no exterior), Neuza Saad (dança), D. Coleta de Omolu (dança do Candomblé), Sr. Negão de Doni (toques do Candomblé) e Mestre Canapun (puxada de rede). Muitos outros mestres de capoeira passaram pelo grupo, como Bom Cabrito, Alabama, Cabeludo, Saci, Antonio Diabo, Manuel Pé de Bode, Coice de Mula, Amém, Jelon, Loremil, Nô, Camisa Roxa e Boca Rica, entre outros. Consagrado internacionalmente, serviu de inspiração e incentivo para a formação de outros grupos de prestígio no Brasil e exterior, inclusive para o Balé Folclórico da Bahia, cujo criador, Walsson Botelho, foi integrante do grupo e discípulo da professora Emília Biancardi.
O "VIVA BAHIA" foi um dos principais responsáveis pela internacionalização da capoeira. Muitos mestres que viajaram com o grupo não retornaram das viagens. Amém ficou na Califórnia, Jelon e Loremil introduziram a capoeira em Nova York, nos anos 1970.
As viagens incluíam toda a América do Sul, Europa, EUA, Oriente Médio e África. As apresentações no exterior integraram promoções culturais realizadas pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil e da Bahiatursa, além de turnês organizadas por empresários, com exibições em teatros e festivais diversos.
A grandiosidade e excelência do trabalho realizado pelo grupo foi reconhecida pelo escritor baiano Jorge Amado, que afirmou o seguinte:
"O Conjunto 'VIVA BAHIA' é uma realização vitoriosa e digna de todo apoio em seu trabalho de divulgação do folclore brasileiro (...) Seus espetáculos e seus três LPs dão uma visão realmente admirável da beleza do folclore baiano".
Como professora do Colégio Estadual Severino Vieira, Biancardi idealizou, em 1968, a Orquestra Afro-Brasileira, usando instrumentos tradicionais, e outros criados e confeccionados por ela e pelos alunos. Criou e dirigiu por 10 anos a Fundação Yabás Arte Brasil em Woodstock-Nova Iorque, EUA. Compõe músicas para balés e peças de teatro, aplicando os conhecimentos adquiridos através de pesquisas da música folclórica rural e urbana. Tem seis livros publicados ("Lindro Amo", 1968; "Cantorias da Bahia", 1969; "Viva Bahia Canta", 1970; "Dança da Peiga", 1983; "Olelê Maculelê", 1990 e "Raízes Musicais da Bahia", 2001), além de textos sobre a música tradicional publicados em livros e revistas no Brasil e exterior. Lançou três LPs pela Philips do Brasil ("Viva Bahia nº. 1", "Viva Bahia nº. 2" e "Folclore Rural") e um Cd pelo Club House Studio Germantown, Nova Iorque, EUA.